Ronaldo e três travecos num motel do Rio de Janeiro

Que a situação é uma vergonha sem precedentes na história não há dúvidas.  Ronaldo está fadado a levar, logo no primeiro trimeste do ano, o título de maior mico pago.  Nem George W. Bucha, com suas declarações sempre bem intencionadas e mal executadas, será capaz de superá-lo.  Nem Lula e suas comparações maravilhosas e oportunas em comícios e discursos conseguirá bater essa marca.  Nem o bacana do ex-governador (ou prefeito, sei lá) de Nova Iorque, com suas prostitutas de luxo, conseguiu tanto.

Mas não é sobre o óbvio que eu quero falar.  Várias coisas me espantam nesse caso e eu não resito compartilhá-las com meus leitores.

1. A notícia foi a primeira, em mais de um mês, a ofuscar, de alguma forma, o caso Isabella, seja nas notícias de jornal (principalmente nas manchetes da imprensa escrita carioca), seja na boca do povo.  Isso é um feito digno de louvor.

2. Com que cara o sujeito vai entrar em casa e olhar para o filho?  E para a mãe?  Para a mãe não deve ser problema porque mãe acredita em tudo que o filho diz.  E os amigos?  E no Milan?  E na seleção?  E na reunião de condomínio?  Ninguém mais vai respeitar o cara…  Ele vai ser a chacota em todos os locais por onde passar, não importa quantos gols ele vai fazer (será que ele ainda vai fazer algum gol depois desse gol contra?).

3. Impressiona também a naturalidade com que todos na imprensa e nas ruas se referem aos três transexuais que foram pivôs do embrólio de “travecos”, e ninguém se diz ou se acusa de ser politicamente incorreto.  Quer dizer que chamar transexual de traveco pode, mas chamar negro de preto não pode, gay de bicha, viado e fruta não pode, chamar idoso de velho não pode…  Abaixo ao politicamente correto!  Digamos sim à clareza e objetividade de linguagem!

4. Ronaldo, faz o que quiser, mas não faz com a camisa do Flamengo (principalmente com a que tem propaganda da Petrobras no peito)!!!  É óbvio que já teve gente da torcida arco-íris que disse: “alá, tinha que ser coisa de framenguista…”.  E eu, que não tenho nada a ver com o assunto, nem quero você jogando no Flamengo, tive que ouvir isso calado.

5. Não importa qual seja a história verdadeira.  Ronaldo já estava errado ao procurar na rua a sua diversão (fosse ela qual fosse, ativa ou passiva).  Principalmente ele que, por ser podre de rico, bastava estalar o dedo para comer quem quisesse, mesmo que com duas amigas junto.  Principalmente ele, que já tem Lívia Lemos, Daniela Cicarelli, Milene Domingues e outras tantas deusas em seu curriculum (ou será que são elas que têm ele em seus curriculi?).

PS. Consultoria da minha prima Paula, expert em Latim: o plural de curriculum é curriculi.  Antes que vocês pensem que eu sou um idiota (para dizer o máximo) ou cometi um baita erro de digitação (para dizer o mínimo).