Na última reunião de pais da escola, as professoras e psicólogas avisaram que os dois anos são a idade da fantasia, das brincadeiras de faz-de-conta, da imaginação. Eu só não esperava que isso acontecesse com tanta intensidade.
– Papai, você sabia que ontem eu fui na fazenda do vovô?
– É mesmo? Que legal! E o que você fez lá?
– O vovô andou de cavalo comigo.
– Mesmo?
– É. No meu cavalo. Era um cavalão! Primeiro ele andou comigo depois ele puxou o cavalo e eu andei sozinha.
– Caramba! Foi legal?
– Foi. Depois, eu dei banho no cavalo com uma escova. Fez um montão de espuma…
– E o vovô te ajudou?
– Não. Eu fiz sozinha.
– E o cavalo ficou quietinho?
– Ahã. Você sabe o nome do meu cavalo?
– Não. Qual é o nome do seu cavalo?
– É Pipo.
– Que legal!!! O Pipo é bonzinho? Ele é seu amigo?
– É.
– E onde é que o Pipo dorme?
– Lá na fazenda do vovô.
– E o que mais você fez na fazenda do vovô?
– Eu dei banho no porco!
– No porco?
– É, no porco.
– Mas o porco toma banho de lama…
– Mas eu dei banho nele, para ele ficar limpinho.
– E qual era o nome do porco?
– Não sei…
– E o que mais você viu na fazenda do vovô?
– Eu vi a galinha, o pato, o ganso…
– Tinha vaquinha?
– Tinha.
– E onde é que fica a fazenda do vovô?
– Lá longe…
Para quem não sabe, o vovô não tem fazenda, sítio, casa de praia, nada disso. No entanto, há um ou dois meses, o vovô levou a Felícia no sítio de um amigo dele. Ela não andou de cavalo, mas chegou bem perto de alguns; não viu porco, mas o resto dos bichos ela viu.
E isso me fez lembrar a época em que eu ia passar uns dias na fazenda da D. Alva, falecida amiga da família, lá para as bandas de Muriaé… Eu passava o ano inteiro esperando por aqueles dias. Lá aprendi a cavalgar, chupar cana, e que não devo pisar no formigueiro.
Não pisar no formigueiro é lição pro resto da vida.
Eu sou a prova viva disso.
Na bola também é 😉
Na bola?
É, não pisar na bola, hehehehe.
Cada vez mais entendo menos.
Que fofa!!!!!
Puxou o pai.