Festa de casamento

Foi ontem, numa casa de festas do Alto da Boa Vista (até aí, nada, tantas casas de festa há por lá).  Lugar legal, comida ótima e docinhos incríveis.  Mas era impossível sair de lá sem histórias para contar.

  • Primeiro, os noivos entram, toca a música de sempre, eles pegam o microfone para se dirigir aos convidados e começam a agradecer.  Agradecem isso, aquilo, isso, aquilo, ao Fulano, ao Beltrano…  Depois de dez minutos de agradecimentos, eu virei para trás e perguntei para a galera da nossa mesa: “a gente está no lugar certo?  A gente veio para um casamento ou para um fim de luta do Maguila?”  Não houve discurso, só agradecimentos, em profusão.
  • Bruce Willis estava na festa, acompanhado pela mulher – não era a Demi Moore.  Um sujeito de mais de dois metros de altura, gigantesco, idêntico ao ator germanoamericano (Bruce Willis é filho de uma alemã com um americano, nascido na Alemanha!).  Depois de um tempo, me contaram que ele era urologista.  Achei que era sacanagem.  Não era.  Mas se eu entrasse no consultório e visse aquele cara lá dentro me esperando, eu sairia perguntando aos berros: “cadê a câmera escondida?!
  • Moda agora, entre as mulheres, é usar vestido com alça única sobre o ombro, cheia de babadinhos, flores e outros adornos do gênero “tecido sobrando“.  Estimei que 40% das mulheres da festa tinham um vestido assim.  O restante delas ou era normal ou estava completamente por fora da moda, como eu.
  • Coisa mais ridícula é gorda usar vestido “tomara que caia“.  Aquela banha sobrando entre o vestido e a axila é de chorar na rampa.  Quando ela ergue os braços para prender o cabelo, então…  Dá para contar cada pneu que se forma ali.  E ainda ficam aqueles peitos enormes parecendo um bumbum pulando para fora do vestido, tal qual calça folgada de borracheiro gordo que se abaixa para trocar o pneu do carro.  Na boa: tomara que não caia nunca e ela tome vergonha na cara.
  • Por que garçom que serve comida regula mixaria e garçom que serve bebida não?  Um amigo que bebia cerveja na festa tinha o copo dele substituído por um novo (cheio e gelado!) cada vez que o nível de cerveja do copo descia à metade.  Por outro lado, quando eu fui fazer um prato de comida, pedi carne, batata e rondelle (todo casamento tem rondelle!): o garçom pegou um rondelle, duas batatas e uma colherada de carne (pequenos bifes afogados numa megapanela de molho.  Como ainda havia muito espaço no prato, pedi para que ele colocasse mais carne.  Ele, meio contrariado, pegou mais uma colherada que, para minha sorte, veio repleta de bifes e com pouco caldo.  Vendo isso, ele não se fez de rogado e jogou metade dos bifes de volta na panela e só colocou a outra metade no meu prato.  Olhei para ele e pedi: “você pode me dar aqueles outros bifes que vieram na colher também?”  Muito contrariado, ele me atendeu.
  • Garçonetes gordinhas são melhores que garçonetes magrinhas, por motivos semelhantes aos tratados no tópico anterior.
  • Qual volume de álcool que se precisa ingerir para dançar loucamente uma música cantada pelo Sidney Magal?  No próximo casamento, tenho a impressão que, depois de duas horas de festa, vou poder colocar o CD de Músicas da Cabeça para tocar e ninguém vai estranhar.  Pelo contrário, todos vão gostar.
  • Laser nos olhos através dos óculos dói.  Muito.  Precisei repensar o meu posicionamento na pista de dança.  Não que eu estivesse dançando.  Prefiro sempre ficar parado observando a fauna presente na festa.  Mas estava impossível fazer isso com o laser na cara.
  • Mãe de noiva é figurinha fácil de se achar na festa.  Você pode nunca ter visto a noiva na vida (como eu), muito menos a mãe dela.  Mesmo assim, é fácil adivinhar quem ela é.  Não porque se parece com a noiva – no caso de ontem, a aparência de uma lembrava muito de longe a aparência da outra.  Mãe da noiva é aquela que está num vestido razoavelmente bonito (no caso de ontem, era bonito, mas tinha a tal alça única com pano sobrando) e anda pela festa sempre com cara de quem está procurando alguém para dar uma bronca – cara de diretora de escola primária no corredor na volta do recreio.
  • Noivo trêbado faz coisas que até Deus duvida…  Eu saí da festa cedo (antes de 0h) e prefiro não contar o que eu vi até ali.  Imagine o que não rolou depois.  E o pior é que, no dia seguinte, ele normalmente não lembra da festa mas garante que aproveitou muito!  Como pode ficar feliz se ele não lembra de nada?

10 Comments

  1. É quase um dogma na minha vida: não ir a festas de casamento. Geralmente, vou à cerimônia, mas só vou à festa quando não consigo nenhuma desculpa e sou ameaçada de ter as relações cortadas (aconteceu em agosto/2010…).
    Das coisas descritas (apesar de eu não ir) faltou descrever os lindos colares de neon, os pompomzinhos de cores chocantes, óculos de gosto discutível, etc.
    Realmente não entendo essas coisas “tradicionais”, feitas porque todos fazem.
    Ok. Me prolonguei. E hoje não é meu dia mais meigo.

    Já deu no saco esses enfeites de festa. Eu não aguento mais. Não pego e ponto.
    Mas não vou a cerimônias há muito tempo. Vou direto para a festa, preferencialmente para comer doces. Destruo a mesa de doces logo na entrada.

  2. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Leandro, vc está im-pa-gá-vel!!!
    Chorei com a parte do Bruce Willis urologista, kkkkkkkkk
    E a do tomara que não caia matou!!! kkkkkkkk
    Não me lembro de ter lido uma crônica de festa de casamento mais…coerente!

    O Bruce Willis era grande pra caramba. Assustava.
    Toda festa que eu vou rola uma crônica dessas. Nem sempre escrevo.

  3. A D O R E I !!!!!!!!
    Ri muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito com sua crônica.
    Que bom se todas as gordinhas lessem o tópico do “tomara que caia”.
    Quanto a “mãe da noiva”, é verdade… elas são sempre os “sargentões” nas festas de casamento.
    Bjs

    Exatamente! Você definiu bem. Mães de noivas são os sargentos das festas. Pisou na linha, bronca!
    E, nesse casamento, especificamente, ela ainda estava reclamando de dor de cabeça.
    Lógico! Fica se estressando, em vez de beber e curtir a festa…

  4. Sinceramente, ao contrario da mamae, eu nao gostei nem um pouco.
    Talvez seja pq vc é homem, e como todos os homens, não apreciam absolutamente nada numa festa de casamento. Tem noçao que a noiva passou um ano INTEIRO deidcada aquele evento e vc ta só falando mal???
    E além de tudo é rabujento tb. A festa é para festejar e nao apenas boca livre…. Eu A D O R O tudo num casamento: das roupas extravagantes até as bonitas, Amo reparar nos penteados, nas comidas, bebidas, musicas bregas, legais, antigas, hits, adoro ver que o noivo ta se acabando, sempre faço super amizade com os garçons…
    Agora, fiquei curiosa pra saber o q o noivo andou fazendo… e onde estão meus bem casados???????????

    Seus bem casados foram comidos no caminho de volta para casa. Vingança antecipada por ter me abandonado ontem para quarar no sol da praia às 14h.
    O problema é o que as festas se tornaram – eventos absurdamente artificiais, onde a forma é mais importante que o conteúdo – regado a muito álcool. A noiva se estressa muito porque quer e com futilidades. E eu também amo reparar em tudo isso, mas para fazer piada.

  5. Eu pra variar concordo em gênero, número e grau com a sua mãe…aliás, qd tiver oportunidade fala pra ela que sou a fâ nº 1…gosto mais dela do que da Filó (considere um elogio e tanto).
    E além da diferença de gênero, sua irmã é super simpática…hihihihi.

    Ela provavelmente já leu isso em outros comentários, mas eu registro.

  6. Moda = efeito manada. E nada pior que seguir o efeito manada com o que não funciona para você, como por exemplo tomara que caia para gordinhas, vestidos de um ombro só com babados etc. Mas eu adoro festas de casamento e não produções cinematográficas que as pessoas fazem para comemorar o enlace. Outra coisa, não desço do salto. Posso levar as Havaianas para casa, mas é mais fácil um boi voar do que alguém me ver num modelão, carão e cabelão e chinelos. Não tem nada de desapego nessa hora! Ah, já ia esquecendo, além da quantidade de álcool é preciso ter a trilha sonora correta. O que seria dessas festas sem: YMCA, It’s raining men e I will survive (só para ficar no aperitivo)

    Eu dispensaria todas essas músicas, a não ser que o objetivo fosse desmascarar os bêbados.

  7. Vou te dizer que eu simplesmente acabo entrando no clima do casamento: se for pra comer eu como, pra dançar eu danço, pra brincar eu brinco, e coisa e tal. Até reparo nas pessoas e situações mas, como se trata de uma festa de casamento, onde tudo pode acontecer, ainda que o roteiro seja praticamente o mesmo entre as festas, eu procuro relevar tudo.

    Mas vem cá, sair de uma festa de casamento antes de 0h não é cedo demais?! E deu tempo de observar isso tudo?! Aliás, você é maldoso, hein? Coitada da gordinha de tomara-que-caia. Não parou pra perceber que ela é uma das vítimas de uma sociedade que privilegia a aparência em detrimento do conteúdo. E nada mais afrontador do que expor suas banhas para essa mesma e fútil sociedade, como forma de resistência aos seus vãos preceitos. Abaixo a ditadura da beleza! Se bem que ela poderia ir ao casamento de macacão, para nos privar desta que é a pura visão do inferno…

    É cedo, mas eu tinha que sair essa hora para acordar cedo no dia seguinte. Não era uma gordinha, eram várias! Quanto mais gorda, menos noção tinha.

  8. A discussão dos comentários está ainda mais engraçada que o post!

    Leandro, já disse como eu admiro suas sensibilidade e delicadeza de ogro?

    Esse sou eu.

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